AMOR

Você ainda acredita no amor, vil criatura?
Sentimento perdido no giro da ampulheta do tempo
Individualização, amando-se o próprio ego, amor de breves momentos
Seu único prazer, chega logo e se vai assim, como uma breve punheta.

Ele custou sua inocência,
Te levou a breves momentos de demência. Porco idiota!
Não há ninguém para chorar por você
A dor de ser rejeitado não some
Sua face não quer ver outro dia
Melancolia em seus olhos e o gosto de aguardente na alma.

Acorde vil criatura!
Amor, é apenas um compartilhamento de egoísmos
Saia canalha! Fuja do seu ideal de amor
Viva outro dia, deixa toda dor ao seu redor desaparecer
E, quando amar outra vez, ame a si mesmo primeiro.

IMORTAL

Aos 66 anos seus olhos contemplam o fim inevitável
Toda vida como um flash rasga sua retina
As Pálpebras não seguram mais o tempo
Seus olhos fecham. Sente paz por ter vivido, e por não mais viver

Acorda de repente, sem céu, sem inferno
Mas, com a vida, essa mesma que a tempos viveu
Aflito, não compreende, sente que já viveu, mas não há lembranças

O tempo corre, todos erros, acertos, sucessos e fracassos voltam a acontecer
Tudo outra vez; Cíclico.
Este tempo é uma serpente correndo atrás do próprio rabo

Certa angústia o consome, é um presente ou um fardo?
Viver tudo infinitas vezes. Como é possível? e se for possível?
A vida deve ser vivida em toda sua plenitude
Satisfações e regozijos, tudo ao máximo.

Quando acordar tenha prazer de ser
Para ter prazer de ser, deve-se viver
E para viver, conheça você mesmo, para não se arrepender do seu vir a ser.

TARDE VAZIA

Não sou nada daquilo que poderia ser
Eu sou a tarde vazia, tarde nebulosa!
Um retrato em preto e branco, que aos olhos dos outros transparece uma linda pintura

Mas, toda pintura borra com o limiar de uma tempestade
A tinta escorre, como uma bosta descendo pelo ralo
Apenas digerido, nunca entendido,
Sua vida cai num vão sem eco!

Ah! se a vida fosse bela como uma pintura de Portinari
Mas não! É preciso cortar a sua orelha para reconhecimento o futuro
Você não é um cara bom no final das contas
Em um mundo apático e cheio de falsos intelectuais
O sentimento é de ser parido numa era que não lhe satisfaz.

Nascido para perder, mas vivendo para vencer
É necessário se perder antes de tentar se encontrar
O futuro pode ser escuro e limitado de luz
Mas o livro da sua vida só será fechado,
No dia que seu último capítulo tenha como título
"Aqui viveu um filho da puta que apesar de tudo foi feliz".

COMBUSTION INFERNAL

Em um quarto escuro, com luz destoante
Imerso em entulhos de uma semana trivial
A cidade brilha pela janela; Desgraçada luz!
Tantas máscaras, tantos seres teatrais, tantas bocas e cus
Apenas se entregando a vida aparente!

Só, e somente só, seu espírito queima
Angustia e solitude por ver tudo diferente
O devir que é a vida o surpreende.

Deixará a chama da existência arder
Queimar até o último fio da teia da vida
E, o resquício de brasa ardente
Será sua chama interior ainda reluzente
Permeando a obscuridade da decadente modernidade.

SOM DO SILÊNCIO

O som do silêncio, o bater de um solitário coração
Rodeado de amor e ainda sim fechado com medo desse sentimento
Medo de que alguém dilacere o único órgão que ainda guarda juízo

Seus pensamentos estão corrompidos pela dúvida
Sua racionalidade trouxe uma realidade aterradora
Seu fígado está destroçado
A Velha bebida amiga, era sua psicóloga e amante

O som do silêncio, o batido agudo que ressoa até a garganta
Quer sair, mas não vai, ele guarda o meu juízo
Ele guarda meu medo, ele me protege de dores enviadas pelas malditas sinapses

Mas os ventos sopram mudanças, o passar das estações, o passar da vida
Finalmente percebe que deve libertar esse solitário coração
Caminhando só e somente só, a noite brilhante e gloriosa lhe dá um vislumbre
Não estava se protegendo de ninguém além de si mesmo
Fecha os olhos sabendo que está pronto para se tornar livre novamente

Quando se libertar é porque está pronto
Talvez, um dia, um lugar
O som do silêncio, a batida aguda e solitária
Sejam nada mais que pulsos radiantes
Cada batida uma fração do tempo que viveu.

ACASOS

A tranquilidade da vida está na simplicidade
A serenidade advém da paz que deve achar em si mesmo.
A vida pode ser um emaranhado de acasos,
Mas no fim não dá pra ignorar,
Somos nós em nossas ações
Que fazemos dos acasos determinações

QUEM É VOCÊ QUE ESTA PERDIDO?

Quem é você que esta escondido?
Inapto, confuso, perdido

Regojizo, vômito, bastardo inibido!
Andar cambaleante, errante do olhar distante.

Sem rumo, olhar fundo, espírito imundo
Longe de ser esteriótipo; gosma suja de fenótipo e genótipo

Mordaça; silenciada é a carcaça , sem eco na praça
Encolhido, deprimido, desiludido

Num Canto, um pranto, sem acalanto.
O que é você que está ai perdido?

ANJO MÓRBIDO

O Futuro Anunciado pela Publicidade
Atos escrotos são constituídos em seu ventre, oh sociedade!
O feto macabro é germinado por anos
O Mundo moderno entra em trabalho de parto
É expelido o mal que há muito estava em gestação

Imperceptível, ele cresce e apodrece tudo que toca
A Família vem primeiro, é destroçada junto com todas outras instituições
Carnificina de princípios morais e valores
O Anjo Mórbido goza sobre suas vítimas
O mal se prolifera agora por todas as esferas

Existem inúmeras formas de se destruir algo
Um presente infectado cria um caos futuro inimaginável
O hoje foi o futuro do presente no passado.

A realidade anseia por sua remodelação
É preciso inserir luz em seu ventre para dissipar no futuro trevas do presente
Afastar o anjo mórbido portando a destruição
A Cultura é a espada de fogo que irá decapitar esse mal.