sábado, 30 de dezembro de 2017

UMBIGÓIDE

Um dia quando a madrugada imersa em uma silenciosa e bela escuridão é desfeita pela igualmente surpreendente aurora, percebemos o quão longe certas decisões chegaram. As pálpebras estão tão pesadas quanto o fardo que é carregado. Sua bondade que poderia ser considerada nobre característica do espírito, acaba se tornando uma isca para os imundos carniceiros do espírito humano. Guiado pelo senhor da mentira as línguas tecem teias de falsas ideias e construtos, mas, ainda sim, embebecidos pela inebriante vaidade, conseguem acreditar que estão portando algum valor ideal, contudo, seus umbigos são o limiar de suas visões, e mais espantoso isso consegue ser, quando esse umbigo fétido os impedem de se julgarem deuses.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O Mito Do Sertão

Deméter perdeu sua filha para Hades
Hélio extasiado, a noticia espalhou até Zeus
O que será da humanidade sem tu Deméter
Deus dos deuses dê providência, lá ela não ficará

Provado a romã, Perséfone por Hades se encantará
A terra estéril suplica pela mãe em luto
Deméter grita, volte Perséfone!
Um acordo entre os Deuses acontecerá

Cada primavera ela há de retornar
Para ao chão semear aquilo que Hades um dia ousou roubar
Mas enfeitiçada, pro mundo não retornará
Acordado que de tempos em tempos da terra ela ressurgirá

Sua vinda gera a primavera a mais bela das estações
Aqui no sertão não vemos tua presença doce ninfa
Você é tragada antes de tocar o cerrado
Tudo é inerte e seco, volte mais uma vez Perséfone

A realidade se rompe em suas emendas
A realidade brilha diante da trevorosa seca
Pesadelos e sonhos contemplam o céu limpo
Confusão será nosso epitáfio

Aqui enterramos sonhos e esperanças, e amanhã iremos chorar
Porque se os deuses não nos ouvem, nossas lágrimas enxugarão a terra
E quando nossa ultima lágrima secar flores crescerão e rios iram transbordar
Não há profetas aqui, há esperança e fé
E o instrumento da fé irá romper a desgraça estéril!

sábado, 11 de novembro de 2017

Ei!



Ei você deitado aí, vislumbrando sua parede vazia
Aquele solo de guitarra rompe seu peito, uma respiração funda
O universo é imerso em mistérios e dele nada sabemos
Nossa alma outro mistério, mas mergulhando nela a desvendaremos

Então se quiser chorar, chore meu amigo, desabafe
As lágrimas contem um peso que precisa ser liberto
Abrace quem precisa ser abraçado, e ame
Somos vozes nulas sem ouvidos para contar

Seu inferno, é sua glória, a mudança surge de ti
Aquela parede de estrelas começará a ter sentido
Você é o que você alimenta, demônios ou anjos
Não dê adeus ao belo céu azul

Sempre haverá alguém que precise de você
Não dê ouvidos a filhos da puta, nesse mundo há muitos
Não deixe que palavras lhe torturem e pessoas lhe subjuguem
Não deixe ser tarde demais para se reerguer de tua ruína

Ei você, o que fará de hoje em diante?
irá rir como uma hiena das futilidades, viverá no ócio?
Largue de ser um boçal puto, olhe ao seu redor e vá viver
Estamos condenados à vida, mas aquela parte é você que escolhe.... sofrer!

domingo, 22 de outubro de 2017

ASSASSINOS DO "IMUNDO"


Estamos na primavera, mas soa como outono
Eu deveria ser homem, e sou, mas ainda respiro como menino
As folhas desabrocham timidamente ante a seca histórica
E aquele homem sofre como criança ao ver tudo simplesmente indo
É inutil a previsão do tempo, o tempo, substantivo do nada

Entre meus dedos corre o abstrato, o inteiro e o pedaço
Seria fácil seguir em frente, mas frente ao nada voce recua
Na tv o mundo deteriora, você ri de absurdos; não há mais laços
Somos humanos e como pedras estamos inertes quanto a natureza
E sem testemunhas o declínio é claro, assassinos do mundo!

domingo, 3 de setembro de 2017

MOTIVOS


Um motivo a mais para chorar
O mesmo queima como razão de viver
Da vida escolhemos viver ou padecer
Uma alma liberta ou sempre a agonizar?

O tempo é implacável, do seu peito uma vontade urra
Tudo nos consome rápido demais como lágrimas na chuva
O silêncio está repleto daquilo que jamais foi dito
Quero a mudança mas ante a comodidade me precipito

Nenhum alvorecer é verdadeiro quando o passado te aprisiona
O presente é real e como uma dádiva dos céus é preciso perceber
Tudo que é eterno, sempre será como aqueles belos olhos castanhos
Que me guardou dentro do seu seio e se tornou a razão de meu ser

Tudo que é sólido uma vez desmancha no ar
O mesmo vento que destrói, constrói
Leva todas suas razões e decepções para outro lugar
Nenhuma desgraça sobrevive ao amor e aconchego de um lar

O que eu sinto ou o que sei, ainda é aberto
Não sei o que poderia ter sido
Mas o que sou, estou grato o restante deixo entreaberto
A vida me conduzirá e no futuro meu destino está contido.

domingo, 27 de agosto de 2017

ESCOLHA


Mundo de iminente decadência
Trovões atravessam a aurora como galopantes fantasmas
A luz rasga a paisagem nebulosa, dos Deuses você sente a ausência
Sangue ralo corrente repleto de glóbulos e plasma

Sangue este que se acumula no solo fértil, mãe suprema da existência
De joelhos, agonizando suplica ao nada por uma diretriz
Os olhos cerrando, nada ouve, apenas o toque silencioso do vento
Condena a vida, e por não viver considera a mesma uma meretriz

O corpo definha, monte de tripa, ossos, decepções e ante teísmos
Deus não era seu copo cheio de vodca, seu amor ou seus sórdidos prazeres
Ele era você mesmo mas, foi tarde enxergar tudo em meio aos seus achismos
Dói não é seu puto!? Perceber que Deus não é aquele super-herói com poderes

Antes de morrer, ache Deus em você, pedaço único de um todo
Não somos nada! Mas, sejamos um nada consciente de si
Nossa mente repousa todas as respostas possíveis para esta vida
O mundo persiste sem você, mas sem o todo você se reduz ao nada

Reflita! Morra por dentro quantas vezes for necessário
As cinzas de ontem adubam o amanhã
Viva cada momento como se fosse eterno; O peso da vida não cabe em uma balança
E aí!? O peso da vida ou a leveza de existir? ESCOLHA!

quarta-feira, 29 de março de 2017

GRITO VAZIO


Passos lentos como o cair de uma folha de outono
Sua mente se perde na infinitude dos pensamentos
Não sabe o que fazer, o peito queima, fim de jogo!?
Tudo se foi, não há sequer uma moeda para Caronte o guiar

Cada dia a mais a sensação de estar no purgatório
Almas gritam de agonia na travessia de cada semáforo
Finitos seres findando sob os irresistíveis pecados capitais
O vazio é o grito da alma sedenta por paz de espírito

Mas, perdido em si, sua mente só pensa em ir
Esvanecer, não ter mais ligação nenhuma ao plano terreno
O nada tornou-se o fim último aspirado!