sexta-feira, 20 de novembro de 2015

DESOSSADO


Talvez estou louco ou somente abstinente
Sinto-me fora do lugar, diferente, não deprimente.
Melancólico! Frustrações trepam com meus desejos alcoólicos.
Parida está a realidade imutável, com anseios de um ser bucólico.

Inexisto sem sonhos, e agora? Qual nome darei aos demônios?
Medo? Angústia? Raiva? Dor? Não! Eles sempre existem com ou sem mentor.
Pela cidade consciências se esbarram sem nunca saber o que ali residia
Um bêbado? Um vagabundo? Uma puta? Um suicida? Apenas pessoas em sintonia

Olhos não atravessam o espírito, palavras apenas pistas da personalidade
O que sou ainda? Um paradigma? Uma estatística? Estou sem rótulo apesar da mocidade
Mentira! Apenas um ser comum, sem grandes sonhos “rumando” pra lugar nenhum
É crepúsculo, em Dostoiévski, apenas vivendo o sonho de um homem ridículo!

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

ESQUIZOFRENIA


E "ae" o que faremos agora seu decrépito fragmento do ser?
Não sei, espero que da minha vida você comece a desaparecer!
Ah! não tenha esperanças disso, não adianta orar ou por valium implorar
Apenas suma!!! preciso apenas dos meus pensamentos, 2 em 1 é inconcebível!

Estou aqui para evitar suas negações quanto a terra!
Eu não nego, apenas espero que ela não me decepe lentamente com uma serra
Mas irá seu chorume! e você não será nada sem sua cabeça
Um coração sem os freios da razão deixará que de sujos sentimentos você padeça

Então o que faço agora? onde está a luz nesse abismo?
Canalha! Não há luz aqui, nessa fossa com você abraçado ao seu niilismo
Apenas o porquê leva a luz, sua vontade de sob forças reativas não padecer
Queira o caminho do vir a ser constante, sempre um novo dia, um novo alvorecer!

Vá pros Diabos! palavras bonitas vindo de mim mesmo, contradição ambulante
Talvez seja um alerta bastardo infeliz para não passar a vida como um errante
Pra onde devo ir? o que devo fazer pra chegar onde hipoteticamente deveria ser o meu lugar?
Só você sabe conduzir tal caraça nesse sanatório que é a vida. Não pare até o final chegar


domingo, 2 de agosto de 2015

BANCO DE PRAÇA

Caminhando com breves passos o sol te ilumina
O pássaro passa rasante sem saber da tua sina
Ele senta na praça e o vento toca seu rosto áspero
Olha para o movimento das folhas e lembra de tudo que foi efêmero

Parado ali, em toda sua solitude uma estranha paz te abraça
Toda leveza e tranquilidade resumidos em um banco de praça
Lembra de tempos saudosos onde tudo era possível
Agora a realidade do tempo ataca e percebe o quanto há na vida de inverossímil

Cabisbaixo uma lágrima corre, carregando todo peso existencial
Pássaros comem o grão jogado. Porque tudo ainda parece tão trivial?
Cabelos grisalhos condenam sua idade, cada fio caído uma fração do tempo
Os olhos atacam o horizonte! Milho para os pombos seu único passatempo

Regressa ao nicho, um copo de pinga aguarda pelo trago
Aguardente queima e atinge o sistema nervoso; tranquilo e amargo
Vênus de Holst toca em sua vitrola
Os olhos lentamente se fecham, toda uma vida guardada apenas na cachola

Seu último descanso é a sete palmos do chão
Todos se abraçam em uma última comunhão
Delicioso banquete para os vermes e no fim só poeira e ossos
Aqui jaz toda ínfima importância do "ser", nada além do amor dos entes nossos!

sábado, 25 de julho de 2015

PAREIDOLIA

Quantas vezes você se deitou e observou as formas construídas acima,
Toda magnificência do mundo e toda sua complexidade,
e você ali, deitado, se perguntando onde minha insignificância se encaixa
Onde me encaixo em toda essa obra prima!

Na utopia sua carcaça esta vivendo de acordo com os sonhos!
Imerso na distopia, apenas um ser que poderia ter sido tudo, menos o que é!
Como era fácil querer e quão bruto ficou o "preciso ser"
Sigo, corro, me apavoro... eis ela aqui, a realidade e seus seres medonhos!

Não somos como figuras do céu que renascem a partir de um novo ponto de vista
Reescrever o destino é assumir sua incompetência e reescrever o livro da vida.
A vida passa pelos olhos todos os anos e todas experiências são resumidas em breves momentos.
Vida, desgraçada vida! Como há tantos Órions atrás de suas plêiades!

sábado, 11 de julho de 2015

REDENÇÃO

Será o homem a medida de todas as coisas?
Será o homem a medida do seu bem e mal?
Onde começa e onde termina suas suposições e proposições?
Vivendo e se protegendo pela égide do Direito Natural

No meio de suas ilusões, conjecturas solidificam sua falsa crença
Crendice que suporta o absurdo da vida e se torna uma solução
O temor da vida; a certeza de ser responsável por tudo
A liberdade cobra o preço quando desejos e aspirações têm consequências

O ser sonhador dá lugar ao desespero
O medo, a angústia, a incansável necessidade de "ser"
A vida se delicia com o prato principal... Sua imunda alma
Você agacha, satisfazendo-se com os ossos

Começar a pensar é começar a ser atormentado!
O pensamento do devir se torna uma maldição
Você se encolhe e chora, vivendo e fazendo de tudo isso
Uma maldita etapa em busca do dia de sua redenção!

sábado, 21 de março de 2015

RENASCER


Seguindo a autoestrada maldita da vida
O carro velho desgovernado do seu destino
Desemboca em desconhecidas estradas vicinais
Levando-o a lugares ermos onde a solidão é sua companheira inseparável.

No horizonte trêmulo, reflexos do calor escaldante...
Há apenas vazio nos quatro cantos onde seu olhar perdido e distante pode alcançar
Está no marco zero. Hora de fazer-se real todos sonhos engolidos pela decepção.
A paisagem seca e mórbida dará lugar a novas sementes de esperança.

Renascer de novas aspirações e vontades, suas vontades!
O "viver" segundo plano de terceiros está agora no lixo,
Enfiado até o meio do cú dos mesmos.
Não terá mais toda vida não vivida dentro de si,
Irá ter agora a vontade de tornar-se um destino em si mesmo.