Introdução
Com
alvorecer de mais um dia como todos os outros, em uma pacata cidade (não vem ao
caso o nome da cidade e sua localização porque ela não é necessária para o
desenrolar dos fatos) desse imenso mundo, nasce Nihil da Silva, garoto
aparentemente saudável e com disposição para encarar esse velho mundo novo.
Ele
é filho de Josiel da silva e de Marlene Pereira, ambos sem familiares próximos.
esta simples familia convivia bem apesar de travar ferozes batalhas com cada
dia de sua existência.
A
vida nesta pacata cidade era dura, não havia meio termo, ou se era pobre ou
rico e não havia linha tênue entre eles a disparidade era visível e tristemente
notável. os centros comerciais eram divisores dessas populações, pois, nele se
concentrava as empresas de grande e médio porte comandada por fortes
empresários que utilizavam da mão de obra local para o desenvolvimento de seus
negócios. estes operários ganhavam um salário que não os levariam a um lugar
diferente do que estão hoje, moravam em terrenos da prefeitura pois a maioria
vinha de fora, não tinham onde ficar e se instalavam nesta área. Entretanto,
esta área não era disponibilizada de graça devido às taxas que a prefeitura
cobrava para manutenção das precárias redes de luz e esgoto. nesta
misera região vive Nihil com seu pai e sua mãe. ambos empregados de empresas do
centro comercial da cidade que ganhavam miseravelmente bem pra tentar ao menos
trazer certa dignidade à vida de seu filho. Do
outro lado da cidade havia casa exuberantes, enormes que abrigavam os
detentores de forte capital. havia pessoas de bons corações como todo lugar do
mundo, mas o abismo entre essas duas classes faziam das pessoas incomunicáveis entre si.
O
dinheiro que Josiel e Marlene ganhavam ia certa quota para a Igreja da
Salvação, uma pequena igreja com grandes negócios da região, comercializavam
água benta, areia de Israel e mais outros artigos religiosos. os pais de nihil
compareciam a esta igreja pois era lá que se esqueciam de sua decadente vida e
era lá que se embriagavam de idéias e conceitos que os faziam sentir a vida
mais suportável mais não menos sofrível.
Nihil
cresce em meio a este conturbado mundo e vive como qualquer outra pessoa,
estudando para ser algo na vida e através do dinheiro tirar seus pais dessa
situação deprimente.
Chegando
sua idade e as dores do crescimento o atingindo, Nihil, chega no momento que
ele mais aguardava, a chegada ao seu primeiro dia de aula na escola da
comunidade chamada Escola Municipal Divina Decademcia, em homenagem à sua
fundadora Maria Divina Decademte, mulher que tentou de tudo para que se crie
esta escola tentando dar outra perspectiva às crianças que ali cresciam. Com a
burocracia e principalmente a política daquela área, eles não gostavam muito
desta idéia de produzir seres pensantes, mas como o mundo é democrático (na
verdade é uma moderna aristocracia com um belo manto divinizado de democracia)
tiveram que ceder as pressões. Contudo, apesar de construída o apoio não era
muito, só pessoas de boa vontade faziam trabalhos voluntários para tentar
ensinar as pobres pessoas daquela região, dentre as pobres pessoas estava Nihil
que ingênuo como era achava esse mundo e as relações entre as pessoa de certa
forma estranha e cômoda.
IDEIAS
Nascemos
aparentemente sem nenhum objetivo em mente, a não ser a vontade de extravasar
as energias sem preocupação com o amanhã, porque nessa fase da vida, procura-se
a auto-satisfação. O sol que nasce mais uma vez na montanha à nossa frente é o
sinal que o tempo nunca para e não notamos essa rápida e sorrateira passagem do
tempo, este que por sua vez é suave e implacável.
Cresceu
em meio a diferentes metodologias de ensino, mas no fim era praticamente a
mesma coisa, um turbilhão de idéias introjetadas em seu ser não como forma de
fazê-lo uma pessoa melhor, não era nada mais que o plano de ensino que deveriam
seguir e cumprir toda didática das diretrizes que eram incumbidas a seguir.
O
ensino é defasado porque se obriga a estudar para reduzir determinado índice de
analfabetismo de um povo, mas o importante não é só saber ler e escrever, é
necessário ter visão crítica de mundo, do contrário seremos só objetos, seres
inanimados sem viver e apenas existindo. E
o que será da vida deste garoto chamado Nihil? Sentará com a boca escancarada
cheia de dentes esperando a morte chegar por que o meio em que vive não lhe
mostra perspectivas, talvez entre para pequena porcentagem dos que esforçam e
conseguem sair ilesos deste mundo em que vive, vence na vida, vira exemplo,
tira seus pais da misera e muda seu mundo.
Mas o mundo a sua
volta permanece o mesmo porque na maioria das vezes é melhor deixar as marcas
profundas no passado onde estão, talvez ajudar seria retorno ao passado que
duramente há de se recordar. Segundo Sartre:”o importante não é o que o mundo
fez de você, mas sim o que você faz com aquilo que fizeram de você”. Contudo
não são todos que tem a força de mudar, pois toda escolha é uma renúncia, por
isso a comodidade às vezes oferece menos risco do que os entraves de uma
escolha cega, pois, para muitos o futuro é uma paisagem escura e gélida,
inóspita sendo assim, o medo os consome, quando isso ocorre é necessário
provocar um caos dentro de si para que este faça surgir uma luz para guiar
durante esse obscuro caminho. Mesmo porque diante das escolhas há sempre o outro
que as vezes se torna um obstáculo (muitas vezes necessário) para realização
dos objetivos almejados.
Viver e existir se
torna algo complexo, pois seria muito fácil possuir um destino definido e
determinado, com isso não teríamos que preocupar com o futuro e independente de
tudo já teria um fim certo, contudo o único fim certo que possuímos é a morte o
que ocorre nesse meio tempo é algo completamente diferente.
Um objeto é criado a
partir de uma idéia pré-definida em mente e construído para determinado fim,
como um exemplo claro é uma caneta, ela já tem sua essência definida e seu fim
construído antes mesmo da concretização dela na realidade.
O que ocorre com o
ser humano é diferente pois, o nosso destino é moldado a partir das nossas
escolhas no presente é a partir delas que se constrói o nosso ser, .isso
aparentemente é algo óbvio mas há algo que não é dada muita importância que são
as escolhas que deixamos de fazer. Muitas vezes passa a cabeça que o que
deixamos de escolher pode ser um novo destino em uma realidade diferente.
As escolhas geram dor
e sofrimento, uma vez que sempre ha uma opção a ser escolhida e esta mesma
opção com a possibilidade de ser renunciada que de fato não deixa de ser uma
escolha. Vivemos incessantemente buscando formas de satisfazer nossas vontades,
pois estas quando se fazem concretas são as materializações das nossas
escolhas. Todo este momento de realização não é algo acíclico, pelo contrário
obedece há um padrão que é comum a todo ser humano, pois nunca satisfazemos com
o que é obtido e a tendência é sempre querer algo que pode ser mais do que o
indivíduo possui ou algo diferente do que ele detenha, toda vontade que é
cessada faz por si só surgir uma nova outra e assim caminha a raça humana se
devorando um a um para as vezes a qualquer custo satisfazer os seus anseios. Mas quando não
realizamos o objetivo almejado a vida começa a ter um sentido diferente, pois a
felicidade nada mais é do que a realização das vontades e a infelicidade é o
oposto.
Quando temos esses
inúmeros momentos de decisões tudo caminha para o fim ultimo que é o
desprendimento dessa vida e quando acontece isso a dor dos parentes próximos é
forte, mas acabamos por ficar no esquecimento e dessa vida não levamos nada mas
podemos deixar muita coisa para estas marcarem a vida das pessoa próximas a
nós, e não deixando coisas materiais pois estas deterioram com o tempo, mas os
sentimentos estes sim marcam em um lugar do nosso corpo que não haverá tempo
que destrua.
Deveríamos todos
viver em função disso, cativar as pessoas próximas a nós, sermos quem devemos
ser, não ficar seguindo modas e tendências estas fazem todos serem de certa
forma iguais na maneira de agir e de se portar diante do mundo. Além de tudo
deixam as relações inter pessoais afetadas pois acabamos por não ser nos mesmo
no dia a dia e assim nossas idéias e ideais são influenciados.
O mundo aparentemente
esta passando talvez por uma crise de identidade. Muitos podem achar ate certo
ponto preocupante mas não é a primeira vez e nem vai ser a última que isso
ocorre, uma vez que, tudo passa indefinidamente por épocas diferentes mas
acontecimentos semelhantes, tudo passa e volta em um círculo sem fim, um
exemplo claro é a crise americana que já ocorreu uma vez em 1929 eclodindo no
famoso crash de 1929 e logo após
este quase oitenta anos depois houve novamente a crise americana em proporções
e momentos diferentes mas não deixou de ser uma crise.
Hoje há uma crise em
um ambiente que muitos negam não estar acontecendo, que é uma crise nas
estruturas e nos valores da família, o acesso cada vez mais fácil hoje ao
conhecimento fez todos questionarem a existência como um todo e muitas vezes o
que nos é ensinado não se enquadra nesse mundo onde o homem é lobo do homem. É na família que
possui as únicas pessoas a quem devemos obediência e que passem os anos que
passarem são eles que devemos obedecer sempre. Foi dessa estrutura familiar que
surgiu a sociedade como um todo, as leis e até a idéia da ética que nos falta
hoje em dia teve sua gênese na família, pois ética vem do grego ethos que
significa “morada do homem” era no seu lar que os valores eram aprendidos e
assim repassado para as gerações seguintes.
Com o passar do tempo
as famílias se agruparam formando as sociedades sendo assim houve um choque de
valores, com isso foi necessário criar regras universais para ordenar a
coletividade, surgem as leis. Com o passar dos anos a humanidade evolui e com
ela naturalmente tudo a sua volta precisou se adaptar inclusive as leis.
As leis foram criadas
para compor conflitos entre os indivíduos da sociedade, entretanto a cada dia
nota-se um número excessivo de leis para ordenar as relações humanas e com isso
cada vez mais as condutas humanas são limitadas na forma de agir fazendo com
que todos possuam uma maneira uniforme de agir perante determinado ato. Agora
indaga-se: “até que ponto os excessos de leis irão nos levar?”
FIM